O megaureter congênito é uma condição que afeta o trato urinário desde o nascimento. Ocorre quando o ureter — tubo responsável por transportar a urina dos rins até a bexiga — apresenta um diâmetro maior que o normal, o que pode comprometer o escoamento adequado da urina e prejudicar a função renal ao longo do tempo.
Essa dilatação pode acontecer por obstruções parciais ou completas, ou por alterações na estrutura do próprio ureter. Em alguns casos, o megaureter pode causar refluxo vesicoureteral, que é o retorno da urina da bexiga para os rins, favorecendo infecções e lesões renais.
Quais os tipos de megaureter?
O megaureter pode ser classificado de duas formas principais:
Megaureter obstrutivo: ocorre quando há bloqueio parcial ou total na passagem da urina para a bexiga.
Megaureter não obstrutivo (refluxo): o ureter está dilatado, mas não há obstrução. Nesses casos, é comum haver refluxo urinário.
Além disso, existem duas origens distintas:
Megaureter congênito: presente desde o nascimento, resultado de malformações no trato urinário.
Megaureter adquirido: pode ocorrer mais tardiamente, devido a infecções, inflamações ou crescimento de tecido próximo ao ureter.
Em muitos casos, o megaureter congênito pode ser assintomático no início. No entanto, alguns sinais podem surgir com o tempo, como:
- Infecções urinárias de repetição
- Dor abdominal ou nas costas
- Sangue na urina (hematúria)
- Urina com odor forte ou coloração alterada
- Náuseas, vômitos e fadiga
- Aumento do volume de urina acumulada nos rins (hidronefrose)
Quando a condição não é diagnosticada e tratada precocemente, há risco de danos renais permanentes e evolução para insuficiência renal crônica.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico geralmente é realizado por meio de uma ultrassonografia renal, que pode detectar a dilatação dos ureteres e sinais de retenção urinária nos rins. Dependendo do caso, exames complementares podem ser solicitados, como cintilografia renal, uretrocistografia miccional e tomografia computadorizada ou ressonância magnética, em casos selecionados.
O diagnóstico preciso e a avaliação funcional dos rins são fundamentais para definir a melhor conduta terapêutica.
Qual o tratamento indicado?
O tratamento do megaureter congênito depende do grau de dilatação, da presença de sintomas e da função renal.
Casos leves e assintomáticos podem ser apenas monitorados com exames periódicos, especialmente quando há expectativa de melhora espontânea com o crescimento da criança.
Casos sintomáticos ou com risco de comprometimento renal geralmente requerem cirurgia, com o objetivo de corrigir o trajeto do ureter e restabelecer o fluxo urinário adequado.
A abordagem cirúrgica pode variar conforme o quadro, incluindo procedimentos para remodelar o ureter ou reimplantar sua extremidade na bexiga.
O megaureter congênito é uma condição que exige diagnóstico precoce e acompanhamento especializado com urologista pediátrico. Quando identificado e tratado no momento certo, é possível preservar a função renal e oferecer à criança um desenvolvimento saudável.
Se seu filho apresenta infecções urinárias frequentes ou alterações identificadas em exames de imagem, agende uma avaliação com um uropediatra. O cuidado certo, na hora certa, faz toda a diferença.
Dr. Marcelo de Oliveira Rosa
Uropediatra em Goiânia
CRM-GO: 6839 RQE: 3524/3629