A ureterocele é uma dilatação localizada na porção final do ureter, estrutura responsável por conduzir a urina dos rins até a bexiga. Essa alteração congênita aparece com maior frequência em meninas e pode ser bilateral em cerca de 10% dos casos. Frequentemente, a ureterocele se associa a outras anomalias do trato urinário, como a duplicidade do sistema coletor, que acomete principalmente o polo superior do rim, e o ureter ectópico, quando o ureter drena fora da bexiga.
O quadro clínico costuma surgir cedo. A infecção urinária nos primeiros meses de vida é a apresentação mais comum. Algumas crianças têm o diagnóstico suspeitado ainda na gestação, durante exames de rotina. Em outras situações, a ureterocele pode provocar aumento do volume abdominal devido à obstrução do fluxo urinário. Em casos menos frequentes, ureteroceles maiores podem até dificultar a passagem da urina pela uretra, especialmente em meninas, causando sintomas mais evidentes.
A abordagem terapêutica depende da forma de apresentação, do tipo de ureterocele e do impacto que ela provoca no sistema urinário da criança. Em grande parte dos casos, a cirurgia é necessária para corrigir a obstrução e preservar a função renal. As principais opções cirúrgicas são:
Punção endoscópica da ureterocele
É um procedimento minimamente invasivo realizado por via endoscópica, sob anestesia geral. Um instrumento é introduzido pela uretra até a bexiga, permitindo que o cirurgião visualize a ureterocele e faça uma abertura controlada para facilitar a drenagem adequada da urina. Em ureteroceles obstrutivas localizadas na bexiga, esse tratamento é eficaz em cerca de 90% dos casos.
Reimplante ureteral
Indicado quando a punção endoscópica não resolve satisfatoriamente ou quando há refluxo urinário associado a infecções recorrentes. A cirurgia pode ser realizada por acesso aberto ou por videolaparoscopia, reposicionando o ureter na bexiga de forma funcional e segura.
Nefrectomia parcial (nefrectomia polar)
Em situações em que o polo superior do rim perde completamente a função — situação relativamente comum nos casos mais graves de ureterocele — a remoção dessa porção pode ser indicada. A recuperação após esse procedimento costuma ser rápida e bem tolerada pelas crianças.
A avaliação especializada com o uropediatra é fundamental para definir o melhor momento e a melhor técnica de tratamento. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são essenciais para proteger a função renal e evitar complicações ao longo da vida.
Dr. Marcelo de Oliveira Rosa
Uropediatra em Goiânia
CRM-GO: 6839 RQE: 3524/3629



