A criptorquidia — também conhecida como criptorquidismo ou testículo não descido — é uma condição congênita em que um ou ambos os testículos não estão posicionados corretamente dentro da bolsa escrotal ao nascimento. Em vez disso, permanecem em locais como o abdômen ou o canal inguinal, impedindo seu funcionamento pleno.
Essa alteração do desenvolvimento ocorre ainda na gestação e é mais comum em meninos prematuros, com incidência de até 30%. Já nos bebês nascidos a termo, o índice é de cerca de 3,4%. Quando não diagnosticada e tratada adequadamente, pode causar infertilidade, aumento do risco de câncer testicular e outros prejuízos à saúde urogenital.
A criptorquidia pode ser unilateral (mais comum) ou bilateral (mais rara e grave). Em ambas as situações, os riscos são reais quando não há intervenção precoce:
- Infertilidade: até 50% nos casos unilaterais e até 75% nos bilaterais;
- Câncer de testículo: risco 5 a 20 vezes maior, principalmente após a puberdade;
- Hérnia inguinal: frequentemente associada ao testículo fora da bolsa;
- Torção testicular: maior risco pela posição anômala;
- Traumas abdominais: o testículo intra-abdominal está mais vulnerável.
O diagnóstico é essencialmente clínico, feito pelo exame físico após o nascimento. Caso o testículo não seja palpável, exames de imagem como ultrassonografia, ressonância magnética ou laparoscopia diagnóstica podem ser solicitados para localizar sua posição e orientar o tratamento.
Quando e como tratar?
A maioria dos especialistas e sociedades médicas, como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a American Urological Association (AUA), recomendam que o tratamento cirúrgico (orquidopexia) seja realizado entre 6 e 12 meses de vida. A correção precoce oferece melhores resultados em relação à fertilidade futura e reduz os riscos de complicações.
Importante: Em crianças com mais de 1 ano de idade, a cirurgia deve ser realizada assim que o diagnóstico for feito, sem postergar. O tempo é um fator determinante para a preservação da função testicular.
Em alguns casos específicos, pode-se tentar o tratamento hormonal com hCG ou análogos do GnRH, embora os resultados sejam limitados e controversos. A abordagem padrão continua sendo cirúrgica, minimamente invasiva, segura e com excelente recuperação.
O uropediatra é o especialista indicado para avaliar, monitorar e indicar o melhor momento para o tratamento da criptorquidia. O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado são essenciais para evitar perdas irreversíveis da função testicular e garantir um futuro reprodutivo saudável para o menino.
Dr. Marcelo de Oliveira Rosa
Uropediatra em Goiânia
CRM-GO: 6839 RQE: 3524/3629