A hiperatividade vesical tem como sintomas clínicos a urgência miccional, incontinência de urgência, aumento da frequência de micção, baixos volumes miccionais e, em alguns pacientes, enurese noturna, o famoso “xixi na cama”.
Para suprimir as contrações não inibidas detrusoras da bexiga hiperativa, a criança costuma cruzar as pernas como manobras de contenção, comprimir a região genital com as mãos para tentar evitar o escape. A constipação (prisão de ventre) apresenta íntima relação com a hiperatividade vesical, isso por que a massa fecal retal pode desencadear contrações vesicais e também diminuir a capacidade funcional da bexiga. Quando presentes hiperatividade detrusora e disfunção intestinal simultaneamente, temos a síndrome BBD.
No exame físico na criança com hiperatividade vesical não é detectado nenhuma anormalidade. Ao realizar o ultrassom geralmente pode ser visualizado resíduo vesical, mas em casos mais severos pode ser detectado dilatação ureteral e até renal pela presença de refluxo de urina ou até mesmo espessamento da parede vesical. O estudo urodinâmico completo em crianças com bexiga hiperativa é dispensável, sendo indicado para aquelas crianças que não respondem aos tratamentos iniciais.
Tratamento
Anticolinérgicos
Os agentes anticolinérgicos estão mais indicados quando há uma perda de urina disfuncional, bexiga hiperativa ou neurogênica. Eles agem reduzindo as contrações não-inibidas do detrusor, aumentando o volume de urina com o qual ocorre uma contração vesical e aumentando a capacidade funcional da bexiga. A oxibutinina possui propriedades antiespasmódicas e analgésicas e tem como efeitos adversos a boca seca, borramento visual, rubor facial, constipação, dificuldade no esvaziamento vesical e alterações do humor.
Toxina Botulínica A
A ação da toxina botulínica A é a supressão da atividade contrátil do detrussor. Geralmente é indicada para o tratamento de bexiga hiperativa nos casos em que outras terapias convencionais não obtiveram sucesso.
Neuromodulação
O tratamento ocorre pela estimulação direta das fibras musculares, a ativação da inervação simpática e a inibição de nervos parassimpáticos que vão em direção à bexiga. É indicada como primeira escolha aos pacientes com diagnóstico de bexiga hiperativa, com a vantagem sobre os anticolinérgicos de não apresentar efeitos adversos.
Tratamento da constipação
O tratamento da constipação é comum às disfunções do trato urinário inferior, sendo imprescindível para pacientes com bexiga hiperativa e também com quadro de disfunção da micção. Pode ser feito com mudanças alimentares ou medicamentosa.