A varicocele são varizes localizadas na bolsa testicular formadas devido a dilatação anormal das veias, causadas pelo refluxo sanguíneo por provável falha no mecanismo valvular.
Acomete em torno de 6% dos meninos com menos de 10 anos de idade e 15% dos adolescentes. Também pode persistir ou aparecer somente na fase adulta, quando acomete cerca de 15%.
Embora na maior parte dos casos apresente uma evolução benigna, é importante estar atento ao desenvolvimento adequado do testículo, que caso não aconteça pode resultar em infertilidade.
A varicocele está associada a alterações na produção e qualidade dos espermatozoides sendo a principal causa de infertilidade nos homens. A doença é na maioria das vezes silenciosa e apenas alguns pacientes queixam-se de sensação de peso, dor intermitente ou aumento do volume escrotal.
A recomendação mais importante é que os meninos sejam acompanhados por um uropediatra, já que a varicocele pode estar presente na infância e principalmente na adolescência. A partir deste acompanhamento é possível detectar de forma precoce a varicocele e prevenir possíveis problemas futuras relacionados à infertilidade.
Diagnóstico
O diagnóstico da varicocele é realizado através de um exame físico cuidadoso, com o paciente em posição ortostática e o examinador sentado, sob iluminação adequada e com temperatura entre 22°C e 25°C. A manobra de Valsalva, em geral, facilita a visibilidade e palpação das veias dilatadas.
É recomendado o exame físico anual no adolescente para a detecção de varicocele clínica e avaliação do volume do testículo, observando se há assimetria entres os dois lados. Também pode ser usado o orquidômetro de Prader para a aferição do volume testicular. A ultrassonografia com Doppler da região escrotal auxilia no diagnóstico e avaliação do dano testicular.
A varicocele por ser classificada em três graus de desenvolvimento:
-Grau I (pequenas) :palpáveis apenas com a manobra de Valsalva;
-Grau II (moderadas) :palpáveis facilmente sem esta manobra;
-Grau III (grandes) :detectadas visualmente e palpadas com facilidade.
A classificação do grau de dilatação é extremamente relevante para o manejo clínico da varicocele. A varicoclele graus II e III são considerados potenciais causadores de atrofia testicular e diminuição da produção de espermatozóides, sendo passíveis de tratamento precoce. Varicoceles de grau I e as subclínicas, que somente são visualizadas no exame de ultrassonografia, não apresentam impacto negativo na espermatogênese e, portanto, não necessitariam, inicialmente, de abordagem terapêutica, mas atualmente consideramos a varicocele uma alteração progressiva e estas varizes poderão evoluir ao longo do tempo. Ainda temos os casos em que estes testículos podem ter sido submetidos a situações de potencial redução da espermatogênese como criptorquidia, torção e litíase testicular, nestes casos discutimos com a família a intervenção precoce mesmo nos graus menores.
Tratamento
O tratamento para Varicocele é cirúrgico e a abordagem pode ser via inguinal, subinguinal, lombar e laparoscópica. Em ambas envolve a ligadura da veia gonadal de modo que o fluxo de sanguíneo retrógrado não consiga mais alcançar o plexo de veias do escroto e preserva-se a artéria gonadal e os linfáticos.
O tratamento na infância e adolescência deve ser discutido com os familiares, a indicação absoluta são os casos onde já existe uma redução do volume testicular em torno de 20%.