A torção de apêndice testicular é a causa mais comum de escroto agudo em crianças e contribui para 31% a 67% dos casos. Afeta principalmente a faixa etária de 7 a14 anos e acomete mais o hemiescroto esquerdo.
A torção do apêndice testicular identifica-se como uma massa extra-testicular avascular e de ecogenicidade variável, dependendo do tempo de evolução. Pode coexistir aumento da dimensão e ecogenicidade do epidídimo, hiperemia do epidídimo e testículo ipsilateral, hidrocele e espessamento da parede escrotal.
Os sintomas mais comuns são dor escrotal focal, que pode evoluir por uma semana ou mais. Pode ser sugerido o diagnóstico de torção de apêndice quando a dor é progressiva, ao contrário da torção testicular, que geralmente tem início súbito. Esta dor habitualmente não se faz acompanhar de outros sintomas e o reflexo cremastérico pode ser evocado.
No exame físico, pode ser encontrado um pequeno nódulo firme palpável, localizado na região superior do testículo e o “blue dot sign”, que consiste num ponto subcutâneo azulado, com a mesma localização. Este sinal é patognomônico, ou seja, característico da doença apesar de só estar presente em 21% dos casos.
O método de imagem de eleição para a avaliação do escroto agudo é a ecografia e o Doppler. O tratamento é essencialmente conservador, com repouso, gelo, apoio e elevação testicular e anti-inflamatórios não esteroides (AINE’s). Uma abordagem cirúrgica pode estar indicada em casos selecionados, particularmente quando as queixas de dor são muito acentuadas, de agravamento progressivo ou refratárias à terapêutica conservadora.