A válvula de uretra posterior (VUP) é uma prega mucosa com formato valvular ou membranoso, localizada na parede da uretra posterior. Esta estrutura pode causar obstrução da uretra, impedindo a passagem da urina em diferentes graus de severidade.
A VUP se desenvolve nos estágios iniciais da gestação e é uma malformação congênita que afeta apenas bebês do sexo masculino, ocorrendo em aproximadamente 1 a cada 8.000 nascimentos.
Geralmente, a VUP é identificada ainda durante a vida intrauterina através do ultrassom, especialmente quando o bebê apresenta hidronefrose antenatal. A obstrução da uretra pode levar à diminuição do volume de líquido amniótico devido ao comprometimento progressivo do funcionamento renal do feto.
A dilatação dos rins, ureteres e bexiga (hidronefrose) pode ser observada no ultrassom materno ao longo da gestação. Outras consequências incluem o espessamento da parede da bexiga, causado pelo esforço necessário para a passagem da urina. Nos casos mais graves, a bexiga do bebê pode apresentar-se significativamente aumentada e com a musculatura espessa, exibindo o sinal de “fechadura de porta” (“keyhole sign”) no ultrassom pré-natal.
A obstrução da uretra aumenta a pressão dentro da bexiga, levando ao refluxo vesicoureteral e/ou megaureter obstrutivo secundário, o que compromete ainda mais o desenvolvimento e funcionamento dos rins.
O tratamento precoce é essencial para casos de VUP. Em algumas situações, pode ser necessária a cirurgia fetal, realizada com o bebê ainda dentro do útero materno. No entanto, na maioria dos casos, o tratamento pode esperar até o final da gestação, com a correção cirúrgica sendo realizada logo após o nascimento do bebê.
O diagnóstico e intervenção precoces são fundamentais para garantir a saúde renal do bebê e minimizar as complicações associadas à válvula de uretra posterior.
Dr. Marcelo de Oliveira Rosa
Uropediatra em Goiânia
CRM-GO: 6839 RQE: 3524/3629