A dilatação renal intrauterina, identificada durante o pré-natal, é um achado relativamente comum e, na maioria das vezes, transitório e sem riscos futuros para o bebê. Esse aumento temporário do trato urinário fetal é conhecido como hidronefrose antenatal e ocorre quando a urina produzida pelos rins do feto fica retida no sistema coletor – abrangendo a pelve renal, os ureteres e a bexiga.
A hidronefrose antenatal pode ocorrer devido a uma série de fatores, incluindo variações anatômicas transitórias. Em cerca de 80% dos casos, essa dilatação é fisiológica, sem obstrução significativa e tende a se resolver naturalmente durante os primeiros anos de vida da criança, sem deixar sequelas. Contudo, em aproximadamente 20% dos casos, a hidronefrose é causada por alguma malformação congênita do trato urinário, podendo impedir o fluxo livre da urina ou provocar o retorno da urina da bexiga para os rins.
O acompanhamento médico é fundamental para avaliar a gravidade da dilatação renal. A partir da 18ª semana de gestação, a produção de urina fetal contribui significativamente para o volume do líquido amniótico. Uma obstrução severa pode reduzir o volume desse líquido, impactando diretamente o desenvolvimento pulmonar e o bem-estar geral do bebê, uma vez que o líquido amniótico é essencial para a proteção, desenvolvimento pulmonar e musculoesquelético do feto.
Entre os principais problemas que podem estar associados à hidronefrose antenatal estão: Estenose da junção ureteropiélica (JUP), Megaureter obstrutivoe, Refluxo vesicoureteral (RVU) e Válvula de uretra posterior (VUP).
Em todos os casos, o monitoramento pré-natal é fundamental para determinar se a dilatação renal é fisiológica e transitória ou se há uma obstrução que exige tratamento após o nascimento. Estudos de imagem adicionais, como ultrassonografias seriadas, ajudam a avaliar a progressão da dilatação e a necessidade de intervenções pós-nascimento.
Dr. Marcelo de Oliveira Rosa
Uropediatra em Goiânia
CRM-GO: 6839 RQE: 3524/3629