O refluxo vesicoureteral (RVU) é uma condição urológica pediátrica caracterizada pelo fluxo retrógrado de urina da bexiga para os ureteres e, potencialmente, para os rins. Essa anomalia pode predispor a infecções urinárias recorrentes e, se não tratada adequadamente, levar a danos renais permanentes. As abordagens terapêuticas para o RVU incluem o uso de antibióticos, procedimentos endoscópicos e, em casos selecionados, cirurgia robótica.
Uso de antibiótico
O manejo inicial do RVU frequentemente envolve a profilaxia antibiótica contínua, especialmente em crianças com refluxo de baixo grau ou naquelas aguardando maturação espontânea do trato urinário. O objetivo é prevenir infecções do trato urinário (ITU) enquanto se aguarda a resolução espontânea do refluxo. A escolha do antibiótico deve considerar a idade da criança, perfil de sensibilidade bacteriana e histórico de alergias. É fundamental monitorar regularmente a eficácia da profilaxia e a ocorrência de possíveis efeitos adversos.
Tratamento Endoscópico
Para casos de RVU que não respondem à profilaxia antibiótica ou apresentam graus mais elevados, o tratamento endoscópico é uma opção minimamente invasiva. Este procedimento envolve a injeção de substâncias biocompatíveis, como o poliacrilato poliálcool (Vantris), na junção ureterovesical, criando uma barreira que impede o refluxo. Realizado por meio do cistoscópia que é inserido pela uretra, o tratamento endoscópico oferece recuperação rápida e menor desconforto pós-operatório. Estudos indicam taxas de sucesso superiores a 80%, especialmente em refluxos de graus I a III.
Cirurgia Robótica
Em casos de RVU de alto grau ou quando outras intervenções falham, a cirurgia robótica emerge como uma alternativa eficaz. A reimplantação ureteral assistida por robótica permite maior precisão cirúrgica, menor tempo de internação e recuperação mais rápida. Embora a disponibilidade dessa tecnologia seja limitada a centros especializados, seus benefícios incluem menor dor pós-operatória e cicatrizes reduzidas. A decisão por cirurgia robótica deve ser individualizada, considerando a anatomia específica do paciente e a experiência da equipe cirúrgica.
Considerações Finais
O manejo do refluxo vesicoureteral em crianças requer uma abordagem multidisciplinar, levando em conta a gravidade do refluxo, idade do paciente e histórico de ITUs. A profilaxia antibiótica continua sendo uma estratégia inicial válida, enquanto os tratamentos endoscópicos e a cirurgia robótica oferecem soluções avançadas para casos mais complexos. A consulta com um uropediatra experiente é essencial para determinar a melhor abordagem terapêutica, garantindo a saúde e o bem-estar da criança.
Dr. Marcelo de Oliveira Rosa
Uropediatra em Goiânia
CRM-GO: 6839 RQE: 3524/3629